Versão HTML básica
>> 46 47
Reportagem
A
associação de Mulheres Unidas
Socialmente Ativas, oriundas das
Comunidades de Países de Língua Por-
tuguesa, (CPLP) em Sines, designada
por MUSA, surge em Julho de 2012.
Quisemos saber um pouco mais desta
associação, com a qual participamos
vestindo alguns modelos, nomeada-
mente os convidados especiais, Fran-
cisco Mendes e sua mãe, a ex-miss
Portugal, Ana Maria Lucas na Mostra
M, que decorreu em Setembro de 2013,
no Salão dos Bombeiros Voluntários de
Sines.
Estivemos à conversa com a sua
fundadora, Maria Josefa, oriunda da
Cidade da Praia, habitualmente tratada
por Mizé, nome pelo qual também assi-
nou uma carreira artística de cantora
em Cabo Verde, Mizé Badia. Viajou e
viveu em vários países, Angola, Cabo
Verde, Estados Unidos e Portugal. É
assistente social de formação, trabalhou
como intérprete, organizou espetáculos,
trabalhou na fundação do gabinete do
De Sines, trabalhando em prol dos mais desfavorecidos.
Texto:
Otília Costa
primeiro-ministro em Cabo Verde, cantou
e dançou, chegou inclusive a partilhar o
palco com Cesária Évora.
A Musa surgiu numa conversa entre
mulheres, Mizé tinha chegado de novo
a Sines e queria fazer alguma coisa. Ao
falar com duas amigas no sentido de
se juntarem e fazerem atividades para
se ocuparem nos seus tempos livres,
passaria por concertos, passagens de
modelos, entre outras atividades que
visava um público médio alto, por não
haver diversão com qualidade em Sines,
posteriormente evoluiu para atividades
ligadas ao âmbito social. Mizé sempre
se sentiu bem nas atividades de asso-
ciativismo de carácter social, justifica
o facto, por ter crescido inicialmente
num externato, e posteriormente com
a separação dos pais, passou para um
internato, onde recorda ser a única negra
no meio de oitenta crianças brancas. A
associação conta com dez musas, todas
em regime de voluntariado, espirito de
solidariedade e equipa, são os requisi-
tos exigidos a todas as mulheres que
integram a associação. Admitem que
por vezes não é fácil conseguir pessoas
disponíveis para darem o seu contributo.
Autofinanciam-se com as atividades, que
vão desenvolvendo.
Capaci tar, est imular e valor izar a
mulher profissionalmente mas também,
reavivar os laços culturais com os paí-
ses da CPLP, de onde são oriundas, e
sobretudo preservar a língua portuguesa.
A sua missão passa igualmente por com-
bater a desigualdade, a discriminização,
promover ações voltadas para a ética e
para o exercício de uma cidadania ativa,
em respeito pelos direitos humanos em
geral e, das mulheres, em particular.
Fomentar a integração social e profissio-
nal das mulheres vítimas de violência e
abusos sexuais, sensibilizar a sociedade
civil para os problemas sociais aos quais
estão expostas as mulheres em situação
de pobreza, e promover a permanência
e inserção de mulheres da CPLP no país
e no mercado de trabalho.
Fazem workshops de culinária, para
promover a gastronomia dos países
que representam, Cabo Verde, Brasil, e
Moçambique. Trabalham com idosos na
Santa Casa da Misericórdia, participam
num projeto que defende as crianças de
minorias étnicas em Sines, incluindo os
ciganos, fazem interação com os idosos
reforçando o convívio e os laços sociais.
Não têm ainda espaço físico, embora
esteja em perspetiva a cedência de um
espaço que anteriormente era ocupado
pela escola primária. Pretendem um
espaço onde possam desenvolver ati-
vidades geradoras de rendimento. Em
projeto, está a desenvolver ações de
Hidroponia, agricultura suspensa no
solo, um centro de estudos, que nas
férias possa funcionar como colónia de
férias, com um horário depois das 18
horas e ao fim de semana, tendo como
objetivo dar respostas adequadas aos
problemas específicos vivenciados pelas
mulheres que durante o dia se ocupam
profissionalmente, restando-lhe pouco
tempo livre. Para além das atividades
já referenciadas, no plano anual de tra-
balho da MUSA constam ações no dia
da criança, comemorações do dia da
independência de Cabo Verde, e do
Brasil e o voluntariado disponibilizado no
Festival de Músicas do Mundo.
a