Página 21 - Cerimonial Magazine 2014

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Serão extraídas mil quatrocentas
e cinquenta toneladas de grão de
arroz, maioritariamente carolino, pois
somente vinte e oito hectares são
de agulha.
As palhas são retiradas do campo
e armazenadas sob a forma de fardos
e servem para forragem animal, ou
para outros usos industriais.
De seguida é altura de assistirmos
ao restante processo do grão, até que
se proceda à sua armazenagem. O
trator trará o reboque com os grãos
que serão despejados numa tarara,
uma espécie de ventilador, para mais
uma limpeza e depois passará para
os silos de espera, antes de passar
pelo secador. “O processo que anti-
gamente se desenrolava nas eiras
é agora processado por secadores
mecânicos.” “
Enquanto está a secar
enchem-se os silos de espera outra
vez
”. De cada secador é retirada uma
amostra, que futuramente vai estar
disponível para que o comprador
possa fazer as análises que desejar.
Serão essas amostras que ditarão
o valor que o comprador irá pagar
pelo arroz.
O passo seguinte será o acondicio-
namento nos silos verticais existentes
no exterior para armazenamento.
Só no fim do ano é que o veem
buscar
”, remata-nos Carlos. A Cigala
é o seu principal cliente. Com uma
produção média na ordem das sete
toneladas e meia por hectare, apre-
senta um dos melhores índices de
produtividade neste tipo de cultura.
Os grãos agora armazenados,
daqui a alguns meses terão como
destino o descasque e o branquea-
mento. São extraídos os grãos intei-
ros brancos e vários subprodutos
como a trinca e o farelo. Depois de
separados são classificados em fun-
ção das suas dimensões. De acordo
com a legislação portuguesa, dis-
tinguem-se três tipos comerciais de
arroz: grãos redondos, grãos médios
e grãos longos. O mais vulgar em
Portugal é o arroz de grãos longos
que se subdivide em duas denomi-
nações: agulha (é mais estreito, per-
tence à subespécie Indica) e carolino
(de forma oblonga, pertencente à
espécie Japónica).
Depois do embalamento o arroz
entra nos circuitos comerciais, dis-
ponível para ser comercializado e
consumido nos seus mais variados
processos de transformação cul i-
nários.
Quando interrogamos o porquê de
não se produzir mais arroz em Portu-
gal, é perentório na resposta, “
penso
que as pessoas não se equiparam
como se deviam ter equipado,…
como nós, e agora não conseguem
competir
”.
Para os projetos futuros estão
a “
pensar investir em dois pivôs
e mais um trator e alguns silos.
As coisas sucedem-se umas às
outras! Só se pode produzir se tiver
capacidade de armazenar
”.
Quando se fala em produção de
arroz não podemos ficar indiferen-
tes a algumas reivindicações há
muito anunciadas pelos produtores
do setor, que se prendem nomea-
damente com a instabi l idade dos
preços, com penal ização para os
produtores, bem como a falta de con-
trolo quantitativo das importações.
Estabelecer prioridade à produção
nacional e impor às grandes super-
fícies uma quota mínima significativa
da produção nacional de arroz, são
algumas indicações apontadas para
estabilizar o setor.
O sol está no fim do seu ciclo diá-
rio, tempo para uma última paragem,
junto a um montado de sobreiros.
É hora do regresso das cegonhas
vindas dos campos de arroz, são às
dezenas em número impossível de
quantificar. O seu gloterar propaga-se
no silêncio da paisagem, os ramos
secos vão sendo ocupados, a luz do
dia vai desaparecendo, os sobreiros
parecem agora ter uma ramagem
mais densa.
a
Reportagem