Página 20 - Cerimonial Magazine 2014

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Acompanhando o seu processo
de crescimento
Andámos de olhos postos numa
plantação de arroz em São Domin-
gos, Santiago do Cacém, e estivemos
à conversa com Carlos Alberto Sousa
Correia, um dos quatro sócios da
Cooperativa de Produção Agrícola
de Monte dos Alhos, CRL.
Inicialmente, em 1976 foi uma
cooperativa do estado,… trabalha-
ram aqui muitas pessoas, depois
foram saindo, sendo indemniza-
das e ficamos nós os quatro, em
1992
”, diz-nos Carlos Correia recor-
dando com saudosismo os tempos
passados. Com o objetivo de dar
continuidade ao projeto ao qual já
pertenciam, laboram 760 hectares,
entre a pastorícia e a produção de
arroz e milho. Com uma ocupação de
180 hectares, o arroz é a sua maior
produção, que todos os anos tem
vindo a aumentar. Para fazer face a
um mercado cada vez mais dispu-
tado e exigente, estão dotados de
modernas ceifeiras e tratores.
Durante o inverno os campos ficam
em repouso, no início do ano é che-
gada a altura de começar tudo de
novo, “
… a partir de Janeiro, conso-
ante o tempo da chuva, começa-se
a lavrar a terra, depois passa-se a
“lazer”, é uma pá para nivelar, …e
a partir do dia 20 de Abril, depois
de estar tudo nivelado...começa-
se a semear o arroz.
”, explica-nos
Carlos como se processa o cultivo
no Monte dos Alhos.
Os campos apresentam uma cor
castanha escura, das terras barrentas,
de seguida irão tornar-se num espelho
de água.
O arroz é semeado com os can-
teiros em seco, utilizando o trator
com espalhador, atrás vai a água.
Depois a semente no solo vai-se
alagar,...
”, Carlos defende que o trator
é o método mais eficaz, semear arroz
através de avião é mais caro e menos
eficiente. Em tempos passados o arroz
era semeado à mão com semeador
feito de sacas e colocado a tiracolo.
A variação dos níveis das águas e a
temperatura irão ditar o seu desenvol-
vimento. Habitualmente quinze dias é o
tempo para os grãos germinarem, “
quanto mais o tempo vai aquecendo
mas ele se vai desenvolvendo.
À semelhança do que acontece
com outras culturas agrícolas, o arroz
também necessita de cuidados para
garantir um crescimento saudável e
rentável. Ao fim de mais ou menos
trinta dias, no princípio de Junho, o
arroz atingirá alguma altura acima da
água, os espelhos de água começam
a dar lugar a paisagens verdejantes.
Será feita a monda, a fim de eliminar
as ervas daninhas. Antes do apare-
cimento de químicos específicos, a
monda era feita à mão pelas monda-
deiras, atualmente é frequente ver-se
meios aéreos a cumprir essa tarefa. “
...
a seguir à monda leva a cobertura,
adubo,… é dada com trator. Depois
é esperar que nenhummal apareça.
Os campos são agora sujeitos a
uma atenta observação diária, não vá
aparecer uma praga de piolhos. Os
meses quentes de verão irão conferir
às paisagens um extenso manto ver-
dejante, só quebrado pela divisão das
parcelas. Com o aproximar do mês de
Setembro o verde deu agora lugar a
um amarelo dourado, chegado o fim
do mês é altura de ceifar. “
… antes
das primeiras chuvas
”. Em tempos
era cortado à mão, uma prática que
hoje só acontece eventualmente para
cortar algumas bordas que a ceifeira
mecânica não consegue alcançar.
A temperatura dentro da cabine
climatizada da ceifeira-debulhadora
contrasta com o dia quente que se faz
sentir, por perto um extenso bando de
cegonhas que petiscam nos arrozais
pequenos vertebrados que compõem
a sua alimentação.
O sistema de lagartas confere-lhe
a aderência e estabilidade para os
deslocamentos nos solos alagados,
e para galgar os montes de terra que
dividem cada parcela.
A ceifeira numa só passagem vai
engolindo o manto dourado em via-
gens regulares e paralelas, para traz
fica o rasto ordenado de palha. Os
grãos depois de separados da palha
e das impurezas ficam armazenados
provisoriamente no tegão da ceifeira,
quando estiver cheio, serão envia-
dos através de um sem-fim para um
reboque que os levará para o local
de armazenamento.