A
ndré Baptista
, 24 anos, nasceu
em Lisboa a 19 de Abril de 1989.
Toda a sua infância foi vivida na terra
do Vasco da Gama, Sines tem sido o
palco escolhido para o lançamento
dos seus trabalhos. A voz quente,
e cheia com que canta, não deixa
denunciar a sua idade.
Depois do seu primeiro trabalho
intitulado “Um Fado Nasce”, aquele
que foi um merecido tributo a Alberto
Janes, André conquistou um lugar de
fadista residente, no Páteo de Alfama
e na Casa de Linhares-Bacalhau de
Molho, nas noites bairristas, boémias
e fadistas da nossa Lisboa.
André Baptista pisa de novo o Palco
do Auditório do Centro de Artes de
Sines, que mais uma vez foi pequeno
para acolher os muitos que quiseram
assistir à apresentação deste seu
segundo álbum, “Gentes do Fado”,
integralmente composto por poemas
escritos por fadistas.
André chega-nos com o seu sorriso
contagiante, e ainda transportando as
emoções da noite anterior. O cenário
escolhido para a nossa conversa foi a
Cafetaria do Centro de Artes de Sines.
Nasceu numa família sem tradição
de fadistas, mas segundo André, “
nas-
cer fadista não é de família, é trazer
o fado já connosco quando nasce-
mos. O fado é um sentimento que
todos nós temos, enquanto seres
humanos. O fado é vida. O fado é
o nosso destino, o nosso dia-a-dia,
os sofrimentos e as alegrias...
”. Uma
família que também não tinha tradição
em ouvir fado, mas que nem por isso
desmotivou André a comprar a sua
primeira cassete da Amália Rodrigues,
curiosamente no restaurante ao lado
do espaço onde nos encontramos,
passagem habitual no seu percurso
para a escola, onde um expositor de
cassetes à porta lhe despertou aten-
ção, “
no dia a seguir, levei dinheiro
para a escola e quando voltei para
casa passei por ali e comprei uma
cassete, ouvi e deu-me vontade
de conhecer mais, cada vez que
juntava um “dinheirinho” ia comprar
uma cassete na altura, a seguir
cd´s... e fui conhecendo fados e
outros fadistas, embora a primeira
tenha sido mesmo a Amália
”.
Desde criança, “
sempre gostei
muito de cantar, na altura ouvia
a Lusitana Paixão cantada pela
Dulce Pontes, punha-me a can-
tar com quatro anos “Fado...” e
achava que aquilo era fado, porque
ouvia a palavra fado... já desde
essa altura que há gravações e
fotografias minhas com um micro-
fone na mão a cantar, por isso ouve
Artes
sempre qualquer coisa, uma ligação
qualquer ao fado, mesmo quando
dava na televisão chamava-me à
atenção
.” Uma predileção que sem-
pre se estendeu à música, e à revista
à portuguesa. Recorda mesmo, “
um
programa de Ivone Silva que eu
pedi para gravarem e que repetia
vezes sem conta, já ninguém podia
ver aquilo e eu ficava ali, vidrado
na televisão.
”
O interesse pela música, e pelo
fado que o atraía, fê-lo interessar-se
por conhecer outros fadistas como,
Fernanda Maria, Manuel de Almeida,
depois de Amália ter sido a sua pri-
meira referência.
André admite que não consiga ele-
ger favoritos, “
porque há formas
tão diferentes de cantar, vozes tão
distintas que há sempre ali qualquer
coisa que eu gosto... a interpreta-
ção, a voz...
”, acabando por ouvir
parte de todos eles.
Depois de partilhar os seus fados
com os familiares, André sentia neces-
sidade de dividi-los com outro público.
A primeira oportunidade surge como
uma casualidade, quando frequentava
a Escola Poeta Al Berto, e uma colega
cujos pais têm o restaurante, Mare-
sia em Porto Covo, convidou-o para
assistir a uma das noites de fados que
pontualmente realizavam. André revive
com entusiasmo o contentamento
desse convite, “
e assim foi, próxima
noite de fado lá estava eu.
Texto:
Otília Costa
Fotos:
Adelaide Queirós
André Baptista
André
Baptista
…“
cantar
é a
minha
paixão
”