Página 36 - Cerimonial Magazine 2014

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Quanto aos projetos futuros res-
ponde com a humildade que o carac-
teriza, “
eu quero chegar onde as
pessoas me queiram ouvir, porque
se eu canto é porque gosto de can-
tar, é a minha paixão, é das coisas
que mais amo fazer..., onde me
queiram ouvir, eu vou...
” Assume-se
um sonhador, mas sem grandes ambi-
ções, desde que faça o que gosta, “
é
claro, se eu começasse a ter uma
visibilidade maior era ótimo e eu
ficava felicíssimo. Sempre trabalhei
muito, aliás, não tenho pessoas a
trabalharar comigo a nível de agen-
ciamento o que faço, faço sozinho,
tenho amigos que me ajudam. Mas
praticamente sou eu que trato de
tudo. Sou um bocadinho pregui-
çoso devia procurar mais, mas até
hoje as coisas surgem. E eu agra-
deço o fato disso acontecer
”.
Na oportunidade de trabalhar em
Revista, não esconde o seu desejo
eu gostava muito de ter essa expe-
riência, porque desde pequeno
sempre adorei fazer teatro, fazia-o
na brincadeira, como também can-
tava na brincadeira, talvez Revista
para ter
feedback
imediato. Eu
sinto-me bem se tiver pessoas à
minha volta.
Apesar de muito jovem, se pudesse
voltar atrás, não mudaria nada na sua
vida, “
porque se mudasse as coisas
que gosto, e que me aconteceram,
não tinham acontecido. Acho que
tudo é um
puzzle
que encaixa. Há
situações que não faria daquela
forma, mas depois o seguimento
não seria o mesmo
”.
Quanto à promoção do fado em
Portugal, assume que o mesmo é um
assunto complexo. Por um lado temos
muita gente talentosa a cantar bem e
que ainda não teve oportunidade de
se dar a conhecer, por outro temos
muita gente a cantar sem qualidade
e a ocupar gratuitamente os lugares
de quem quer viver do fado. André
defende uma promoção do fado
mais abrangente e seletiva, “
nunca
esquecer os antigos, porque é gra-
ças a eles que cantamos,…que
começamos a gostar de fado,…
que começamos a aprender fados
que já existiam”.
Neste momento em que Portu-
gal atravessa uma fase difícil, André
olha para o país com certa tristeza,
temos coisas tão bonitas que nós
próprios enquanto portugueses não
valorizamos, vamos a Espanha e
os espanhóis gostam daquilo que
é deles, ouvem música espanhola.
Artes
Falta gostar daquilo que é nosso,
das nossas culturas e das nossas
raízes. Tenho pena que os portu-
gueses em geral não tenham essa
paixão por aquilo que é nosso. … É
um país que amo profundamente,…
não me vejo a viver noutro país.
Sou muito pegado às pessoas, ao
nosso país, às nossas tradições,
e o fato de pensar em viver noutro
país faz-me confusão.
As suas paixões repartem-se pelo
fado e pelas ant iguidades, quem
conhece André, não estranha a sua
paixão pelos relógios de parede que
começou a colecionar em pequeno,
Estão lá todos pendurados
”, diz-
nos quando abordamos o assunto. A
paixão pelas antiguidades fê-lo seguir
Conservação e Restauro, “
se con-
seguisse conciliar Conservação e
Restauro com o fado, fantástico,
se não, escolheria o fado
”, diz-nos
com a certeza de quem sabe o que
quer um pouco à imagem do que tem
sido a sua vida.
Determinação, talento, e trabalho,
ao lado da simpatia e humildade que
o caracterizam, têm sido os alicerces
para uma carreira sólida, e de um
futuro promissor.
a