Com a chegada do Marco à
Madeira esperavam-no novos desa-
fios, referimo-nos ao controlo bioló-
gico de pragas no Fórum Madeira,
portos do Funchal e aeroportos. Con-
siste em “
utilizar o que há de mais
natural, que é, um predador para
afugentar as presas que existem
nesta zona
”.
No porto do Funchal, nos locais de
atracagem de paquetes com turis-
tas, as gaivotas em grande número
eram responsáveis por danificarem
estruturas e por cheiros nauseabun-
dos. Marco relata-nos o que é feito
neste caso específico, “
todos os dias
temos lá uma equipa, estão sempre
duas aves, com os falcoeiros, uma
da parte da manhã, outra da parte
da tarde, sempre a voar, sempre
soltas a trabalhar com o falcoeiro.
As gaivotas já associaram o preda-
dor aquela zona e já não vão para
lá. A águia nem vale a pena atacar,
as gaivotas já sabem. Ela apenas
faz o voo normal, só se mostra e
olha para elas, e as gaivotas já nem
passam por cima do porto,… numa
semana deixou de haver gaivotas
”.
O passo seguinte será nos aeropor-
tos, aqui as coisas são mais compli-
cadas, “
pois estamos a falar de um
problema, ao nível da segurança
pública. Já aconteceram vários
acidentes com aviões, não muito
graves, mas com prejuízos grandes
para as companhias de aviação.
Quando estão a levantar basta um
pombo ou uma gaivota entrar nas
turbinas para fazer estragos.
” Para
esta situação concreta são utilizados
falcões e falcoeiros a tempo inteiro,
as aves são soltas entre voos,… “
não
estarão a voar na altura das des-
colagens e aterragens. Aí já será
uma cetraria ou falcoaria a sério
porque será mesmo caça.
”
Os Hotéis do Funchal também
recorrem ao controlo biológico de
pragas, em concreto os pombos,
através da falcoaria.
Do primeiro semestre passado na
Madeira destaca o fascínio das crian-
ças pelas aves, “
no continente a
oferta é grande... na Madeira não
havia em lado nenhum
”.
Marco recorda a primeira vez que
viu uma ave a voar, “
quase que nos
parece mágico. Porque é que a ave
não se vai embora... está solta e
não foge
”?
“
Eu costumo dizer que o que
me fascina na falcoaria é eu poder
trabalhar com animais que nunca
podem ser maltratados, pois elas
fazem o que querem, se elas não
gostarem de nós ou forem maltra-
tadas, simplesmente não voltam
após o voo.
”
Marco fala com entusiasmo e com
paixão de uma profissão à qual se
rendeu há mais de 16 anos, e deixa
alguns conselhos a quem se queira
iniciar; “
fazer uma visita ao site
de falcoaria portuguesa em
www.
apfalcoaria.org
, informarem-se, e
tomarem consciência que obriga
a muita dor de cabeça, paciência,
e dedicação. Não é só dizer: “isto
é muito giro,… solta-se o pássaro,
levanta-se a mão, e ele vem
”.
a