Texto:
Otília Costa
Fotos:
Adelaide Queirós
Reportagem
D
ecorria o ano de 1927, quando
11 associados decidiram fundar
em Sangalhos (Anadia) a Aliança, já
lá vão mais de 86 anos. Em 2007
as “Caves Aliança S.A.” passam a
“Aliança Vinhos de Portugal S.A.. Esta
mudança na designação deveu-se à
entrada do comendador José Berardo,
o acionista maioritário da empresa.
A Aliança passou a fazer parte do
Grupo Bacalhôa. Mais de 50% da sua
produção sobretudo de vinhos, espu-
mantes e aguardentes, destinam-se à
exportação para cerca de 60 países.
José Berardo decide reconverter
as caves num espaço museológico,
a exemplo do que vinha sucedendo
noutros espaços do Grupo Bacalhôa.
Para dar forma ao “sonho” foram
realizados fortes investimentos tendo
sido recuperadas as instalações em
Sangalhos e inaugurado o Aliança
Underground Museum. Um espaço
expositivo, que se desenvolve ao longo
das tradicionais caves da Al iança
Vinhos de Portugal, e que contem-
pla várias áreas como a arqueologia,
etnografia, mineralogia, paleontologia,
azulejaria e cerâmica, abrangendo
uma impressionante extensão tempo-
ral commilhões de anos. José Berardo
tem colecionado ao longo de uma vida
peças e obras de arte de múltiplas
origens e espécies, que para além do
seu significado histórico representam
muitas vezes um significado sentimen-
tal, que deseja preservar e partilhar.
O Aliança Underground Museum,
abriu as suas portas a 24 de Abril de
2010, é um projeto pioneiro em Por-
tugal, e o 1º museu subterrâneo que
íntegra estas duas valências, a arte e
os produtos vitivinícolas.
O museu é uma alusão ao metro-
politano de Londres, todo ele está
organizado como se fosse uma rede
elétrica em que as várias coleções
surgem organizadas em estações.
Depois da passagem pela receção
onde recebemos as boas vindas, a
nossa visita inicia-se para desmistifi-
carmos o nosso imaginário.
O guia faz as apresentações e lança
os dados para o que iríamos encontrar,
fala com entusiasmo e com convicção
de quem sabe o que diz.
Para a nossa primeira paragem
esperávamo-nos uma coleção de
arqueológica. Um vasto conjunto de
figuras de terracota com cerca de
1500 anos, provenientes da antiga
cultura Bura-Asinda-Sika, do Níger,
no continente Africano.
Na estação Bura as figuras de ter-
racota foram encontradas em terrenos
funerários, cemitérios e cada um deles
terá o significado de uma lápide.
As formas mais alongadas e tubu-
lares associavam-se às sepulturas de
homens e as mais arredondadas e
ovais às mulheres ou crianças.
Quanto maior fosse a terracota,
mais importante era a pessoa a ela
associada. Esta coleção está classi-
ficada pela Unesco como património
da humanidade. Os Bura eram um
povo guerreiro, pelo que com facili-
dade foram encontrados dentro das
terracotas os seus troféus de guerra,
pontas de lança, dentes e pedaços de
restos de humanos que arrancavam a
inimigos que eles próprios mataram.
o STAFF Cerimonial
fez-lhe uma
visita