Reportagem
José Berardo é um dos maiores
colecionadores privados de azulejaria.
Vários exemplares transportam-nos
do século XVIII à atualidade, alguns de
origem francesa, mas a maior parte de
origem portuguesa. Muitos dos painéis
foram recuperados de casas antigas,
palacetes abandonados e hotéis.
Entramos agora no Pink Room,
onde centenas de garrafas de espu-
mante foram sacrificadas pela arte. A
luz branca a incidir no quartzo rosa e
no espumante rosé remete-nos para
um imaginário de glamour.
Prosseguimos a nossa visita por
entre corredores escuros onde esta-
giam milhares de garrafas de espu-
mante com capacidade para arma-
zenar três milhões de garrafas. As
vendas anuais são de um milhão de
garrafas.
Em Portugal, qualquer espumante
com um estágio em garrafa superior
a seis meses, é considerado de qua-
lidade. O tempo de estágio varia de
espumante para espumante. Um rosé
estagia 12 meses, o tinto 24 meses,
mas se considerarmos um vintage o
estágio será de 36 meses.
O espumante é produzido no
método tradicional/clássico. Com a
vindima a acontecer mais cedo do
que o habitual, as uvas são colhidas
quando apresentam maior acidez. É
produzido um vinho base que não
deve ser muito aromático nem pode
ter um grau muito alcoólico.
Continuamos a percorrer o labirinto
subterrâneo, próxima paragem, uma
sala dedicada à cerâmica das Caldas
da Rainha e principalmente ao Rafael
Bordalo Pinheiro. O jornalista e crítico,
pintor, escultor, ceramista o homem
de muitas ocupações. Rafael gostava
particularmente de retratar a fauna e a
flora do nosso país, e também dessa
forma prestar algum tipo de tributo à
cultura portuguesa.
De um lado as peças modernas,
que ainda hoje podem ser adquiridas
e continuam a ser feitas pelos moldes
originais, do outro lado peças raras e
originais de cerâmica tradicional do
século XIX e XX.
Depois fazemos uma passagem
pela estação central, local onde se
encontram os pupitres , assim se
designa os cavaletes de madeira que
recebem as garrafas de espumante
em ciclos de quatro semanas onde
receberão um ritual diário de rotação
de “um quarto de hora”.
Depois de uma explicação atenta
aos restantes procedimentos até ao
espumante estar disponível para con-
sumo, passamos ao local onde estão
os melhores tintos a estagiar.
Barricas e mais barricas, parecem
estar numa formatura. De carvalho de
origem francesa ou russa, madeira
proveniente de árvores que cresceram
em ambientes mais agrestes, e de
uma forma mais lenta, que conse-
quentemente irão conferir à madeira
mais robustez e densidade.
Os vinhos que ali estagiam são
provenientes da Região dos Vinhos
Verdes, Minho Douro, Dão, Bairrada,
Região das Beiras, e Alentejo. Rece-
bemos atentamente a explicação dos
fatores que irão influenciar o vinho,
nomeadamente cl ima, tempo de
estágio, e tipo de barrica onde irão
estagiar.